Revolução Industrial – Transformações e consequências

Revolução Industrial e desenvolvimento tecnológico

Com o desenvolvimento da maquinofatura na segunda metade do século XVIII, o trabalho artesanal foi trocado pelas grandes fábricas, em princípio têxteis, mas que depois foram se espalhando para outras áreas. A partir desse momento, é certo dizer que a sociedade humana entrou em um ritmo ininterrupto de desenvolvimento tecnológico e científico. Portanto é-nos interessante conhecer as primeiras máquinas que deram início a tal processo.

As máquinas movidas a vapor aumentaram a velocidade da produção e a função do trabalhador era alimentar a máquina, controlar e cuidar do seu funcionamento. Na maquinofatura, a produção dependia da tecnologia cuja eficiência era medida pela quantidade que produzia e o quanto economizava na produção. A noção de "tempo é dinheiro" simboliza o que se esperava da indústria mecânica: menor tempo de produção, barateamento do custo e maior venda.

Vamos a elas:

Em 1735, John Kay criou a lançadeira volante que permitia a fabricação de tecidos largos.

Em 1764, James Hargreaves criou a "spinning Jenny", uma roca manual de vários fios que permitia que uma pessoa realizasse o trabalho de oito trabalhadores.

Em 1769, James Watt desenvolveu um equipamento que utilizava o vapor da água para gerar energia capaz de fazer funcionar as máquinas. Com a invenção da máquina a vapor, o processo de substituição da mão-de-obra humana pela força mecanizada tornou-se irreversível.

Nos anos seguintes, a invenção de Watt foi passando por diversos aperfeiçoamentos:

Em 1758, Edmund Cartwright criou o tear mecânico que possibilitou a mecanização da tecelagem. O motor a vapor passou a ser usado na industrial têxtil.

Em 1807 é criado o navio a vapor. Essa invenção é atribuída a Robert Fulton, apesar das experiências já realizadas anteriormente.

Em 1814 é criada a primeira locomotiva a vapor. A invenção é de George Stephenson. A primeira locomotiva funcionou na Inglaterra em 1825.

Todas as mudanças provenientes dessas inovações tecnológicas ficaram conhecidas como Revolução Industrial. Transformações que não alteraram apenas o método de produção, mas também as relações humanas em diversas partes do mundo.

Revolução Industrial: Sociedade e Economia

Não apenas o desenvolvimento tecnológico se acelerou a partir da Revolução Industrial. Diversas mudanças também ocorreram na sociedade e na economia. Partindo do ponto de vista econômico, a mudança das relações de trabalho e de produção de riquezas levou ao surgimento do Capitalismo. Embora seja um processo muito complexo, podemos definir o Capitalismo basicamente como uma relação econômica calcada na produção de mercadorias, baseada no trabalho assalariado e na busca por lucro. Essa relação capitalista que rege a economia até hoje. Foi fonte de diversas reflexões que veremos mais à frente.

No ponto de vista social, a Revolução Industrial também trouxe mudanças muito profundas. Em primeiro lugar, a grande concentração de pessoas nas cidades, deu origem à uma nova divisão social baseada agora não mais na nobreza ou no nascimento, mas na relação de trabalho. A cidade se dividia em Burgueses, que eram os donos das fábricas e grandes comerciantes e em operários ou proletários, trabalhadores assalariados que trabalhavam por horas seguidas nas fábricas. Os primeiros detinham o que foi chamado posteriormente de meios de produção, ou seja, eram donos das matérias primas, das máquinas e dos meios de produção. Os últimos possuíam apenas a força de trabalho que agora era vendida em troca de salários baixos em longas jornadas de trabalho.

Reações operárias

O processo da Revolução Industrial não ocorreu de forma pacífica. Muito pelo contrário, como mexia profundamente com o modo de vida daquelas pessoas, principalmente os mais pobres, houve diversas reações organizadas contra a maquinização e a exploração do trabalhador. Vejamos alguns deles:

Ludismo

O Ludismo estourou em 1811, foi uma das primeiras revoltas dos operários que eram contra os avanços tecnológicos, que substituíam homens por máquinas, e o nome deriva de um dos líderes, Ned Ludd. Eram revoltas radicais, onde os trabalhadores invadiam as fábricas, e destruíam as máquinas, ficando conhecidos como "quebradores de máquinas".

Existiam esquadrões luditas, que andavam armados com martelos, pistolas, lanças, e durante a noite, andavam de um distrito ao outro, destruindo tudo que encontravam. Porém, muitos manifestantes foram condenados à prisão, à morte, à deportação e até à forca.

O Ludismo ocorreu durante alguns anos, mas aos poucos os manifestantes constataram que não eram contra as máquinas que deveriam reagir, e sim ao uso que os proprietários faziam delas, abusando da mão-de-obra dos operários.

Cartismo

De maneira mais organizada, em 1836 surgiu o Cartismo, constituído pela "Associação dos Operários" e liderado por Feargus O’Connor e William Lovett. Reinvidicavam direitos políticos, como o sufrágio universal (direito de voto), o voto secreto, melhoria das condições e jornadas de trabalho. Redigiram a "Carta da Povo", onde pediam um conjunto de reformas junto ao Parlamento.

Inicialmente, as exigências não foram aceitas pelo Parlamento, havendo grandes movimentos e revoltas por parte dos operários.

Depois de muitas tentativas e lutas, o Cartismo foi se dissolvendo até chegar ao fim. Porém, o espírito do movimento não se perdeu e ganhou maior presença política depois de um tempo, fazendo com que algumas leis trabalhistas fossem criadas.

Trade-Unions e Sindicatos

Os operários chegaram à conclusão de que a união era fundamental para se contrapor ao poder burguês, então criaram os "trade-unions", associações formadas pelos operários, mas que possuíam uma evolução muito lenta nas reivindicações que faziam. Porém, evoluíram e formaram os sindicatos, que eram sistemas de organização que defendiam seus direitos, eram os focos de resistência à exploração capitalista. Mas diferente dos sindicatos de hoje, tinham muita dificuldade de atuação, mas aos poucos foi se organizando e realizando greves e protestos. E os proprietários levavam prejuízo, pois não tinha quem trabalhasse durante as manifestações.

Em 1824, diante de todo esse crescimento das lutas operárias, a Inglaterra acabou aprovando a primeira lei, que permitiu a organização sindical dos trabalhadores. Depois dessa conquista, o sindicalismo se fortaleceu ainda mais.

A partir desse momento, começaram a surgir organizações de federações que unificavam várias categorias dos trabalhadores e em 1830 foi fundada a primeira entidade geral dos operários ingleses. Chegou a ter cerca de 100 mil membros.

Em 1866, ocorreu o primeiro congresso internacional das organizações de trabalhadores de vários países, que representou um grande avanço na unidade dos assalariados, onde surge a fundação da Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT).

Todas essas lutas levaram a diversas conquistas dos trabalhadores, no sentido de melhorar suas condições nas fábricas. Vamos ver algumas delas:

– 1833 – Limitou o trabalho das crianças entre 10 e 13 anos a 48 horas semanais;

– 1842 – Proibiu o trabalho infantil e feminino nas minas;

– 1846 – Suprimiu impostos sobre os cereais importados, como o trigo (que encarecia o pão);

– 1847 – Estabeleceu jornada de trabalho de 10 horas;

– 1878 – Limitou o trabalho das mulheres à 56 horas e meia nas fábricas de algodão e a 60 nas outras fábricas;

– 1919 – Estabeleceu a jornada de 8 horas diárias.

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